Você sabia? Stephen King já foi adaptado para o teatro brasileiro!

Em setembro passado falamos aqui sobre a adaptação que os mexicanos fizeram do romance “Misery” (Angústia) para o teatro. O que pouca gente sabe é que, bem antes deles, nós já tivemos a nossa adaptação do romance para o teatro. Em 2005  o diretor espanhol Ricard Reguant readaptou o texto do inglês Simon Moore, (que antes já tinha sido responsável pelo texto da primeira adaptação do livro para o teatro) para os palcos brasileiros, sendo que essa mesma montagem já havia sido utilizada várias vezes na Europa, incluindo uma temporada de dois anos em Madri, dirigida pelo próprio Reguant…

Mariza Orth (Annie Wilkes) e Luís gustavo (Paul Sheldon) em adaptação brasileira de "Misery"

A peça, com cerca de 90 minutos e censura 14 anos, inaugurou, na época, o Teatro Fecomércio (imagem que ilustra esse post), uma casa de espetáculos em São Paulo com 522 lugares e aspecto clássico, próxima da fundação Getulio Vargas e da Av. Paulista. Mas o que mais chamou atenção foram os atores responsáveis por protagonizar a peça; Mariza Orth e Luís Gustavo. Ambos são velhos conhecidos do publico brasileiro e já contracenaram juntos no programa humorístico “Sai de Baixo” da rede globo. Mariza Orth, assim como Luís Gustavo, já participou de diversas novelas e seriados globais, em sua grande parte em papeis cômicos, porém já fez alguns papeis dramáticos no cinema, tv e teatro.  Sobre a peça ela deu a seguinte declaração para o jornal Folha de S.P:

A sorte é que temos um grande texto em mãos. Stephen King é um mestre do gênero. Por outro lado, não há técnicas usadas no cinema para brincar com o suspense, o que torna as coisas mais difíceis”, explica ela.”

Na época, em uma breve entrevista à Folha, a atriz ainda falou um pouco sobre a peça, sobre seu personagem e sobre as dificuldades de interpretar um personagem dramático:

Folha: Qual a dificuldade para compor uma personagem?

Marisa: Quando faço uma personagem, o processo é sempre o mesmo, ou seja, tento fazer algo realista, assim foi com a Magda, no “Sai de Baixo”. Ela realmente amava Caco Antibes.

Folha: Fazer comédia é mais fácil?

Marisa: Acho que não, porque se você pegar um texto ruim, não há jeito de fazer as pessoas rirem.

Folha: Fale um pouco sobre o seu novo personagem em “Misery”?

Marisa: Ela é uma metáfora exagerada. Uma doente mental, uma louca, uma doida. O maior desafio é que o papel é difícil. Ela é louca e fica complicado fazê-la sem ‘canastrar’. É do tipo eu te amo, mais eu vou cortar os seus pés.

Folha: O personagem é então dramático?

Marisa: Acho que não. É pop. Ela não quer deixar ele fumar porque dá câncer, mas o tortura por horas. Acho que a vida é sempre muito trágica e dá vontade de rir.

Considerações pessoais: Não cheguei a ver a obra, visto que moro um pouco longe da cidade onde a peça estava em cartaz, mas pelas poucas imagens disponibilizadas na internet, pelo menos a caracterização parece ter ficado bem interessante. Apesar de “reconhecida” pelos papeis cômicos, acredito que Marisa Orth tenha uma ótima veia dramática (que, infelizmente, nunca foi muito bem explorada) e provavelmente fez bem o seu papel. O mesmo serve para Luís Gustavo. Pelo visto a globo tem mesmo o dom de “sugar” o talento dos seus atores, usando-os em produções pífias com roteiros mal elaborados sem nenhum senso crítico.

Sobre “Misery”: O livro foi lançado originalmente em 1987 e conta a história do escritor Paul Sheldon, que, após uma terrivel nevasca, perde o controle do seu carro e sofre uma acidente onde esmaga o joelho quebra uma perna e desloca a bacia. Se não bastasse isso, ele é socorrido por sua fã nº 1, que o mantém encarcerado até que ele resolva reescrever o final de sua personagem preferida.

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3 respostas

  1. Caramba, que coisa curiosa, realmente a Globo tende a sugar o talento de seus atores e de fazer incríveis cortes nos filmes que exibe! Confesso que assistiria esta peça se pudesse.

  2. Este sem dúvida foi um evento marcante.
    Enquanto a maioria das peças teatrais são de comédia, outras poucas de ‘ terrir ‘, veio esta de quebrar o padrão.
    Não a assisti – motivos são óbvios e parecidos com o do Edilton. Assistiria. Sem sombra de dúvida.
    Realmente algo fora do comum. Aqui no Brasil, claro.

    Tenho certeza que se Steve soubesse (se é que não soube), teria ficado muito feliz.

    Embora eu também não tenha assistido, há dois anos, cá no BR mesmo, foi encenado uma peça teatral usando histórias (ou estórias, como queiram) de Edgar Allan Poe. No RJ.

    Isto é sinal que elas são perfeitamente adaptáveis.

    Abraços

    Leon Nunes

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