Contos do Tio King: “O Atalho da Sra. Todd”

Título: O Atalho da Sra. Todd
Título Original: Mrs. Todd´s Shortcut
Personagens: Homer Buckland, Ophelia Todd, David
Cidades: Castle Rock, Bangor, Vermont
Ano da primeira publicação: 1984
Publicado pela primeira vez em: Revista Redbook, Maio de 1984
Conexões: Cujo, O Talismã, A Torre Negra
Está na coletânea: Tripulação de Esqueletos
Nota: 5/5

Longos Dias e Belas Noites KingManíacos! Como é do conhecimento da maioria de vocês, Stephen King é um dos poucos escritores contemporâneos que ainda é adepto do bom e velho conto. De tempos em tempos ele lança uma coletânea nova (a mais recente delas é “The Bazaar of Bad Dreams”, lançada no ano passado e ainda inédita no Brasil). E foi pensando nisso que decidi estrear uma nova seção no site chamada “Contos do Tio King” (ok, o nome ficou horrível, mas a intenção é o que conta!), onde vamos falar semanalmente sobre alguns contos publicados por Stephen King no decorrer dos anos. A história escolhida para a estreia da seção foi “O Atalho da Sra. Todd”, um dos mais velhos e mais conhecidos dele. Espero que gostem!

Na história de “O Atalho da Sra. Todd”, David, amigo do zelador Homer, é um velho que passa seus últimos anos “morgando” do lado de fora do posto de gasolina local em Castle Rock. David conta a história de suas conversas com Homer, que por sua vez conta a história da Sra. Todd, esposa do dono da casa que ele cuida e que é obcecada por encontrar atalhos. Apesar de admirar a persistência da mulher em encontrar caminhos mais curtos, Homer começa a duvidar da veracidade de suas informações sobre os atalhos, principalmente quando ele descobre que os atalhos da Sra. Todd acabam sendo mais curtos do que se o caminho fosse todo feito em linha reta, entre o ponto de origem e o destino, algo que seria impossível na realidade. A Sra. Todd explica para Homer que os atalhos que ela descobriu são como a nossa versão dos “buracos de minhoca” e usa a metáfora de dobrar o mapa para aproximas os dois pontos, sugerindo que ela descobriu uma versão distorcida da realidade.

“Há buracos no meio das coisas – disse Homer, sentando-se empertigado, como se estivesse biruta. – Bem no maldito meio das coisas, não à direita ou esquerda, onde fica a visão periférica e se pode dizer, “Bem, mas que diabo…” Eles estão lá e a gente os rodeia, como rodeia um buraco na estrada, capaz de quebrar-nos um eixo do carro. Sabia disso?”

Homer é, por fim, convencido a acompanhar a Sra. Todd em um dos seus “atalhos especiais” que acaba os levando de Castle Rock até Bangor em exatos 179 quilômetros, distância bem inferior aos mais de trezentos que eles percorreriam se fossem pelos caminhos normais. Durante o percurso, entretanto, eles passam por uma floresta sombria, com árvores “vivas” de galhos retorcidos que “catam” o chapéu de Homer, além de criaturas estranhas e animais para os quais a razão não tem explicação. Porém, a Sra. Todd parece ignorar tudo isso e a cada dia que passa ela se sente mais atraida pelo “efeito” causado pelos atalhos. A Sra. Todd parece mais jovem a cada vez que usa os atalhos e isso faz com que ela os use com mais frequência ainda, até que um dia ela desaparece. Sete anos se passam e ela é dada como morta. O Sr. Todd se casa com outra mulher (e é neste ponto em que a história começa). A história termina com o Sr. Homer indo embora, se despedindo de David e entrando no carro de uma mulher jovem, que aparenta seus dezesseis anos. O próprio Sr. Homer, a essa altura do campeonato, pareceu, aos olhos de David, mais jovem, o que indica que a Sra. Todd não estava de toda desaparecida e que os atalhos vinham sendo usados com mais frequência do que David acreditava.

oatalho

“O Atalho da Sra. Todd” é um conto curto, mas bem interessante. Há nele muito do que os leitores gostam de chamar de “Velho King”; A ambientação da floresta lúgubre, o desenvolvimento cadenciado dos fatos num ritmo agradável – nem muito lento, nem muito rápido -, os monstros que se escondem na floresta mal assombrada com seus tentáculos lovecraftianos, o final meio que em aberto, além, é claro, das referências à outras obras do autor. Em um trecho do conto, por exemplo, ele menciona um certo Joe Camber, que foi morto pelo seu próprio cachorro em “Cujo” (Cão Raivoso, no Brasil):

“Quando aquele sujeito têxtil de Amesbury se matou com uma bala, Estonia Corbridge descobriu que, após cerca de uma semana, nem mesmo era convidada para almoçar, por causa de sua história sobre como o encontrara, com a arma ainda em uma mão endurecida. E o pessoal ainda não comenta a respeito de Joe Camber, que foi morto pelo próprio cão.”

Quando a Sra. Todd volta de uma de suas viagens pelo atalho, Homer encontra uma criatura presa no para choque dianteiro. A descrição dessa criatura, nas palavras do próprio Homer, é resumidamente algo como o cruzamento entre uma marmota e uma doninha, descrição bem semelhante à que o autor deu ao “Oi”, o Zé Trapalhão da série “A Torre Negra”, o que nos indica que os atalhos da Sra. Todd talvez sejam, na verdade, “portas” entre as inúmeras dimensões sustentadas pela Torre Negra. Além disso, o método usado pela Sra. Todd também é bem semelhante ao usado pelos personagens do romance “O Talismã” (escrito em parceria com o autor Peter Straub), quando eles reduzem o tempo viagem no “Mundo Real”, fazendo parte do percurso no “Mundo Paralelo”.

O atalho da Sra. Todd é um dos contos presentes no livro “Tripulação de Esqueletos”, coletânea lançada originalmente por Stephen King em 1985 e que pode ser adquiro na nossa loja, tanto em formato físico quanto em ebook, clicando aqui.

E você, Leitor Fiel? Já leu esta história? O que achou dela? Conte para nós nos comentários! 

Gostou deste conteúdo? Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *