Dica Literária da Semana: Serial Killers – Anatomia do Mal

Título Original: The Serial Killer Files: The Who, What, Where, How, and Why of the World´s Most Terrifying Murderers
Título Traduzido: Serial Killers – Anatomia do Mal
Ano de Publicação: 2003 (EUA), 2013 (Brasil)
Disponível no Brasil pelas Editoras: DarkSide Books

Na noite do dia 25 de Agosto de 1990 Danny Rolling, assassino em série conhecido pela alcunha de “O Estripador de Gainesville” invadiu a casa de Christa Hoyt, estudante de apenas 18 anos da Faculdade comunitária de Santa Fé, estuprou-a, esfaqueou-a até a morte, cortou fora seus mamilos, abriu-a em um corte enorme, do esterno até à virilha e a decapitou, deixando a cabeça em uma prateleira antes de abandonar a cena do crime.

Fritz Haarmann, Assassino em Série da década de 20 conhecido como “O Vampiro de Hanôver”, quando preso descreveu para a policia como era seu modo operante: “Eu fazia dos cortes no abdômen e punha os intestinos num balde, depois enxugava o sangue e esmagava os ossos até os ombros quebrarem. Agora podia tirar o coração, os pulmões e os rins e picá-los e colocá-los num balde. Separava a carne dos ossos e colocava em um saco impermeável. Precisava de cinco ou seis viagens para pegar tudo e jogar na privada ou no rio.”

Albert Fish, muito provavelmente um dos mais horríveis Assassinos em Série de todos os tempos, era também canibal. Certa vez, no condado de Westchester, ele estrangulou e decapitou uma jovem de 12 anos. Em seguida fatiou dois quilos de carne do seu peito, nádegas e abdômen. Guardando tudo em um pedaço de jornal velho, levou a carne para a sua pensão em Manhattan, cortou em pedaços menores e refogou com cenouras, cebolas e tiras de bacon. Ao longo dos nove dias que se seguiram ele consumiu toda a carne, com um prazer tão grande que era comum se masturbar enquanto o fazia.

Os relatos acima foram apenas três, das centenas de outros que você encontrará em “Serial Killers – Anatomia do Mal” (DarkSide Books, 473 páginas, 2013) do renomado professor de literatura e cultura americana Harold Schechter. Mais do que uma simples compilação de atrocidades das mentes mais cruéis que já passarem pela terra, “Serial Killers” é um verdadeiro guia para aqueles que pretendem conhecer um pouco mais sobre o macabro universo dos Assassinatos em Série. Nele você compreenderá um pouco mais sobre como surgiu o termo, quais foram os primeiros casos registrados na sociedade moderna, os diferentes tipos de assassinos (estripadores, envenenadores, atiradores, idosos, crianças, psicóticos, psicopatas…), como identificar prováveis tendências assassinas, as diferenças entre assassinatos em série/em massa/relâmpago, além das possíveis motivações por trás das maiores crueldades já cometidas por “seres humanos”.

“Eu sou o que vocês fizeram de mim e o cachorro louco assassino e leproso é um reflexo de sua sociedade” – Charles Manson 

O livro é dividido em 9 capítulos (O que significa, Quem são eles, Uma história do assassinato em série, O sexo e os assassinos em série, Por que eles matam, O mal em ação, Galeria do mal: Dez monstros americanos, Como termina) que abordam praticamente tudo o que você precisa saber sobre o assunto, com informações detalhadas e atualizadas – o livro foi lançado originalmente em 2003, mas os editores brasileiros fizeram um belo trabalho atualizando as informações através de várias notas de rodapé -,  pontuadas em diversos momentos pelos 34 relatos de casos específicos que se tornaram conhecidos (ou não) pelo alto teor de barbárie envolvido neles. Há ainda um capítulo inteiro dedicado ao “fenômeno” do assassinato em série (estima-se que a cada momento há cerca de pelo menos 50 assassinos em série agindo nos EUA) na cultura popular, com indicações de livros (fictícios ou não), filmes, séries e histórias em quadrinhos que abordem o tema. Stephen King está presente na sessão com dois de seus trabalhos mais conhecidos, o já clássico “A Coisa” (Pennywise em forma de palhaço lembra bastante John Wayne Gacy, assassino em série que se vestia de palhaço para atrair crianças) e o recente “Joyland” que fala sobre um Serial Killer que atua em parques de diversões.

“…Então a cortei em pedacinhos para poder levar a carne para os meus aposentos. Como era doce e tenro seu pequeno lombo assado no forno. Levei nove dias para comer seu corpo inteiro.” – Albert Fish

O livro de Schechter nos mostra uma visão bem ampla e completa de um fenômeno que, apesar de ter existido desde os primórdios da humanidade, só tornou-se mais disseminado apenas a partir do século 19 (o termo “Serial Killer” teria sido “criado” apenas em meados da década de 80), com a “invenção” da imprensa e o alarde por ela em cima do hoje famoso caso de Jack o Estripador.

É impossível ler “Serial Killers” sem que aflore um sentimento latente de indignação perante as barbáries cometidas pelos psicopatas e psicóticos desprovidos de qualquer tipo de sentimento (foi complicado até mesmo para mim redigir os trechos em destaque, dando voz a essas aberrações, mas é um trabalho sujo que alguém precisa fazer rsrs). Não é um livro para mentes puritanas ou para pessoas que se choquem facilmente, afinal são histórias reais, na maioria das vezes muito mais assustadores do que a ficção de terror mais bem elaborada de todas.

O destaque final fica por conta, mais uma vez, do belíssimo trabalho de diagramação e arte do livro pela editora DarkSide Books. Os textos contam com trechos grafados em amarelo, simulando as marcas nas partes importantes de um processo de investigação, além de serem ricamente ilustrados com desenhos, fac-símiles das cartas enviadas pelos assassinos para a polícia e fotos dos casos (das vitimas, das provas encontradas nos locais dos crimes e etc). O kit que recebi (e que você pode adquirir na saraiva) veio ainda com um saco plástico para coleta de provas, luvas cirúrgicas pretas e uma cópia da famosa carta enviada por Jack Estripador para a polícia londrina com o título de “From Hell”.

serial-killers-anatomia-do-mal-imagem-07Assim como todos os outros trabalhos da DarkSide Books, “Serial Killers – Anatomia do Mal” é um livro para se ler e para guardar na parte mais visível da estante, como uma bela obra de arte.

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