Livro da Semana: “Sob a Redoma”

Título Original: Under the Dome
Título Traduzido: Sob a Redoma
Ano de Publicação: 2009
Data de Publicação nos EUA: 10/11/2009
Data de Publicação no Brasil: 01/10/2012
Disponível no Brasil por: Suma de Letras (2012)
Personagens: Dale Barbara, James Rinnie, Julia Shumway, Andy Sanders
Conexões: A Hora do Lobisomem, Ao Cair da Noite
Cidades da História: Chester’s Mill (Cidade Fictícia no Maine)

Sinopse

Na trama, em um dia como outro qualquer em Chester’s Mill, no Maine, a pequena cidade é subitamente isolada do resto do mundo por um campo de força invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que é esta barreira, de onde ela veio e quando — ou se — ela irá desaparecer.

Os moradores de Chester’s Mill percebem que terão de lutar por sua sobrevivência. Pessoas morrem, aparelhos eletrônicos entram em pane ao se aproximar da redoma e a situação fica ainda mais grave quando a cidade se vê exposta às graves consequências ecológicas da barreira. Para piorar a situação, James “Big Jim” Rennie, político dissimulado e um dos três membros do conselho executivo da cidade, usa a redoma como um meio de dominar a cidade.

Crítica

Quando me aventurei nas 900 e tantas páginas de “Sob a Redoma” a primeira impressão que tive foi a de que aquilo era (é) Stephen King em sua melhor forma. Ao finalizar a leitura, com um misto de alegria e tristeza (não é fácil dizer adeus aos personagens carismáticos que aparecem no decorrer do livro), eu tive certeza. A magnitude de “Sob a Redoma” vai bem mais além do seu tamanho físico.

Uma pequena dica: Antes de dar início a leitura, a primeira coisa que você provavelmente deve compreender (e que já foi inclusive falado em nossa “prévia” do livro, lançada alguns meses atrás) é que “Sob a Redoma” não é um livro necessariamente sobre a redoma (ok, mil desculpas pelo trocadilho infame, mas eu não poderia deixar passar a oportunidade). Ou seja, apesar do foco principal ser a enorme e invisível barreira, que de uma para outra aparece na pequena e pacata Shester´s Mill, as histórias que realmente importam são as das pessoas que ali ficaram presas. Não importa como ou porque a redoma apareceu, porque quando você menos espera já foi pego nas entrelinhas, nos segredos guardados a sete chaves por alguns dos moradores mais ilustres (e moralmente duvidosos) de Mill. Nesse ponto, apesar do impacto inicial do livro (com as cenas de diversas mortes, numa verdadeira “chacina” – bem ao estilo do Senhor King – que ocorre graças ao surgimento da redoma), você já está começando a se perguntar sobre quem realmente é Big Jim, o segundo vereador de Mill, que comanda a cidade (por sinal, como se fosse o primeiro) com mãos de ferro e uma integridade ímpar, aos olhos de uma população ingenua e pouco esclarecida acerca de seus negócios ilícitos, realizados por baixo dos panos. Big Jim, a propósito, é na minha singela opinião um dos vilões mais bem elaborados do Sr. King (rivalizando de perto com Anne Wilkes em “Angústia”). Um homem sem escrúpulos e que não vai medir forças para fazer o que ele acha que deve ser feito em prol de sua cidade. Trabalhando como uma espécie de Hitler em miniatura (excetuando a parte do preconceito exacerbado, é claro), ele impões sua vontade, inicialmente, de maneira singela, quase imperceptível, manipulando aos poucos, além da força policial e de Andy Sanders (primeiro vereador da cidade), seu próprio filho, Big Jim Jr.

A quase total separação de Chester´s Mill do mundo exterior implica, por incrível que pareça, em problemas bem maiores do que os que dizem respeito às questões ecológicas. Grande parte deles recaem sobre as costas do novato Dale Barbara, um ex soldado do exercito e veterano da guerra do Iraque, que foi parar meio que por acidente em Mill e que após se envolver em uma briga de bar com Junior, decide deixar a cidade. Entretanto, antes que o faça, ele acaba se deparando com a redoma e com os infindáveis problemas que ela trará para a sua vida. Não demora para que Dale Barbara reassuma, mesmo a contragosto, seu papel de oficial do exercito e lidere a “força de resistência” contra Big Jim, cujo poder só tende a crescer com a chegada da redoma que isola Chesters Mill do resto do mundo.

Em muitos aspectos, “Sob a Redoma” é bem semelhante a “Desespero”, “Dança da Morte” e tantos outros livros do mestre que possuem essa temática de vários personagens irremediavelmente “presos” por um só destino. Entretanto, diferente de boa parte desses romances, em seu novo livro, apesar do tamanho exagerado (o livro tem mais de 900 páginas) a escrita do mestre parece fluir de forma um pouco mais tranquila, sem muitos atropelos desnecessários na trama, tornando a leitura bem mais agradável e dinâmica, principalmente nas cenas de morte, (que são VÁRIAS, diga-se de passagem) muito bem escritas. Com uma leve critica social implícita nas entrelinhas (não apenas com relação a questão de como lidamos com o meio ambiente ou com o nosso próprio universo, mas também sobre como reagimos a questões relacionadas às guerras e como somos capazes de agir em situações de tensão) King ainda se deu ao luxo de inserir alguns pontos de humor negro, como quando, ao final de um capitulo, a última frase é de uma personagem, que diz mais ou menos assim: “Espero que não haja derramamento de sangue” e, ironicamente, o próximo capitulo se inicia com o nome (em enormes letras garrafais) de “SANGUE POR TODO LADO”. Coisas que um leitor mais atento provavelmente não deixará passar batido e que servirão como uma espécie de “retomada de ar”, um breve descanso em meio ao emaranhado de acontecimentos que se desenvolvem em “Sob a Redoma” e que vão deixá-lo, com certeza, sem fôlego.

“Sob a Redoma” já está à venda nas livrarias do Brasil todo, pelo preço sugerido de R$79,00. Na Submarino você pode conseguir o livro pelo valor promocional de 55 Dilmas: http://www.submarino.com.br/produto/111949294/livro-sob-a-redoma.

 

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14 respostas

  1. Poxa. Fantástico livro. Sr. King teve uma excelente ideia, não obstante seja um tomo que demorou bastante tempo para ser finalizado. Assuntos profundos abordados concomitantemente, sem falar neste “derramamento de sangue” (deduzo que não gratuito) que às vezes (às vezes apenas) entra de forma a agregar valor ao texto – diante de cenas narradas. Creio se tratar de um não-livro de entretenimento; ao contrário, penso: deve-se prestar muita atenção de acordo com o passar das páginas. Feliz de quem leu, feliz de quem teve condições de encarar mais de 900 páginas deste livro.

    & parabéns pela resenha, Edilton. Muito bem feita. Parabéns.

    (Apenas um livro li com gosto quase 800 páginas – foi de Clive Barker – Trama da Maldade. Talvez, um dia, Sob a Redoma esteja em minha estante. Sob uma Condição: peço mais baixo. Aliás. Esta seria minha dica, caso pudesse dar uma. )

    Continue com matéiras boníssimas feito esta. Vale a pena ler algo assim.

    Abraços
    Leon Nunes, Escritor

  2. De certa forma este livro até que está com preço “em conta”, porque o Dança da morte é uns R$100(por sorte, consegui pegar por R$70, numa promoção da Fnac)

  3. Muito bom, já passei das 200 páginas também e flui que é uma beleza a leitura, King se superou nesse livro! Tem horas que me pego gargalhando com as tiradas até nas cenas mais tensas ele faz uma piadinha, ele é o cara!

    ótima resenha, parabéns!

  4. Fiquei extremamente decepcionado com este livro. Até a parte que descobrem o que causa a redoma, o livro é excelente. Depois disso, eu vi como era idiota a razão da redoma existir, e perdi completamente o interesse pelo livro. Apesar disso, devo dizer que Big Jim é, possivelmente, um dos personagens mais intrigantes que King já criou.

  5. Me decepcionei muito com o final. Na sua opinião, a trama bem desenvolvida justifica o final simplório? Os ‘vilões’ tiveram o desfecho que mereciam?
    Pq levaram o mesmo fim que vários inocentes…

  6. Acabei de ler o livro… em certos momentos AMEI, meu coração acelerou, gritei e torci (como uma leitora faz, quando se entrega). Concordo que 951 páginas passam voando (comprei o livro domingo passado). Vários personagens me conquistaram: Barbie (LÓGICO), Rusty, Alice, Aidan, Piper, Sammy e Ollie que arrematou o meu coração (a parte mais emocionante do livro, ficou nas mãos dele). Mais vou fazer uma critica, que nem sei se é cabível, enfim… que pooooodre a explicação para redoma (caraca, tanta coisa… naum desceu, não engoli… minha opinião). Mesmo assim as tramas que acontecem na cidade é uma história a parte, então vale a pena!

    Indico MUITO o livro, realmente é uma trama envolvente. O livro é caro (mais vale a pena).

    Ana.

  7. Adorei esse livro, mas vc já leu o livro “reverso” escrito pelo autor Darlei…apesar de não ser tão conhecido, se destaca por marcar a história, pois coloca em cheque, as leis que governam o nosso universo, e ainda por cima desafia os principais dogmas religiosos, nossas principais crenças são postas em dilemas cruciais, enfim se trata de um livro arrebatador, esse é o link do livro. Abraços..
    http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem..

  8. Adorei esse livro, mas vc já leu o livro “reverso” escrito pelo autor Darlei…apesar de não ser tão conhecido, se destaca por marcar a história, pois coloca em cheque, as leis que governam o nosso universo, e ainda por cima desafia os principais dogmas religiosos, nossas principais crenças são postas em dilemas cruciais, enfim se trata de um livro arrebatador, esse é o link do livro na livraria cultura. Abraços..

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