Fan Art: O Caminho do Eld

Ola amigos, seguindo a linha das postagens de quinta-feira, essa semana daremos continuidade a bela Fic que a leitora do site Mélani Sant’Ana nos mandou. Essa semana ela enviou os capítulos V, VI e VII da sua Fic, então vamos a ela:

V

A CONTINUAÇÃO DESTA HISTÓRIA NÃO POSSUI UM RITMO COMUM NEM MUITOS DIÁLOGOS.  ELA SERÁ CONTADA ATÉ CERTO PONTO POR DIFERENTES PONTOS DE VISTA, DE DIFERENTES FORMAS. ELA SERÁ CONTADA COMO VEIO À MINHA CABEÇA, EM PARTES.  E ESPERO QUE VOCÊS CONSIGAM ENTENDÊ-LA E APRECIÁ-LA ASSIM COMO EU.

Tudo ficou calmo por anos.  Na realidade, tudo ficou calmo para sempre; para Gilead e para o resto do mundo nada acontecera e, apesar de todo o misticismo por trás desta história, ela não tem relevância a não ser para os envolvidos, nem tem um final feliz como esperamos ao ler um romance.

Merry Smithson foi criada pela família de um dos homens de confiança de Steven Deschain, Christopher Johns e, embora fosse impossível precisar sua data de nascimento, emparelhava em idade com o garoto da família, Alain.

Recebeu de Kathleen Johns a educação   de uma  princesa;  tinha os cabelos  compridos sempre brilhantes  e bem-cuidados, as unhas  sempre  limpas e usava vestidos  sempre novos.  Apresentava os melhores modos que  uma criança  poderia ter.

Cort, porém, nunca  pensou  que realmente estaria livre de Merry Allice Smithson. Por mais que sempre demonstrasse a personalidade que sua aparência indicava, dia após dia ansiou pela hora em que a garota começasse a andar e falar para que pudesse, enfim, começar aquilo que o Ka colocara em suas mãos.

– Não, eu não aceito que este homem leve Merry.  – Disse Kate Johns, com a voz firme.

– Kate, não é para sempre. – Explicou Christopher, paciente, como era por natureza. – Cort irá levá-la somente algumas manhãs, por enquanto.

– Manhãs! Sim, manhãs! – Contestou, – mas depois ela acabará passando mais tempo lá com…  Com os garotos, do que aqui, que é o seu lugar.

– Kate, você estava ciente das condições quando aceitamos criá-la, não estava? – Perguntou o pistoleiro, tomando as mãos da esposa entre as suas. – Independente do que Cort quer ensinar a ela, já sabíamos que seria assim.

Kathelin Johns começara a chorar.

– Não quero que minha menina vire uma atiradora! – Reclamou.

– E ela não virará. – tranqüilizou-a. – Pode acreditar Steven não permitirá.

Mas no fundo, ele, Christopher Johns, com todo o dom que possuía, sabia muito bem que Steven Deschain nada poderia fazer contra a vontade do Ka.  Que era forte, por sinal.

Nunca foi escondido de Merry que ela era filha adotiva de Christopher e Kathleen johns.  Ela sabia que, apesar da semelhança física com a mãe – os cabelos claros, ondulados, e o tipo físico “mulher roliça” – era uma pessoa sem laços sanguíneos, sem linhagem, sem nome.  Mas ate aí, isso de nada teria importância, era o que dizia sua consciência até certa idade.  Mas no futuro viu que não era bem assim.

Cort teve sua oportunidade quando Merry tinha aproximadamente cinco anos de idade.  Precisava falar com ela, explicar-lhe algumas coisas, pois, em breve, entraria em treinamento.

“Em breve” era um pouco cedo demais, mas tinha planos especiais para ela. Era uma garota, o inicio e o final de seu treinamento deveriam ser diferentes do padrão.  E não seria uma atitude declarada. O Dihn de Gilead já dissera que ela não treinaria como pistoleiro, apegado que era aos costumes e tradições, não permitiria que aquilo acontecesse.

Teoricamente nem Cort permitiria, mas aparentemente o Ka pegara o gosto por brincar com sua vida e seus planos.

VI

 Era uma manhã ensolarada, o dia em que Chistopher Johns levou a filha adotiva à modesta residência de Cort pela primeira vez. Nem o pistoleiro nem sua esposa haviam contado á menina o que iria acontecer, por que de fato não sabiam. Que o garoto, Alain, iria começar o treinamento para pistoleiro um ano mais tarde era do conhecimento de todos, mas o caso de Merry era uma incógnita.

– Entre, gusana. – Disse Cort, após o pai da garota ter ido embora.

Merry estava parada à porta da casa, a mesma porta à qual fora deixada cinco anos antes, envergonhada. O vestido azul-claro rendado e a fita nos cabelos destoavam completamente do cenário. Ela começou a adentrar a passos lentos, até chegar perto da cadeira onde o homem grande e estranho estava sentado.

– Me chamou como, sai? – Perguntou a menina, contida.

– Te chamei da forma como chamarei por todos os dias, daqui para frente. – Respondeu. Merry obviamente não entendeu, nem se sentiu ofendida. Levaria algum tempo antes que compreendesse o que Cort dizia.

Olhou ao redor com seus olhos de criança, sentindo estranheza por tudo aquilo que via. Ela não fazia idéia de que futuramente sentiria mais estranheza em um quarto cor-de-rosa e dourado com uma cama de dossel do que em um estábulo, mas enfim, ainda era uma garotinha.

Fechou a porta lentamente, para postergar o momento em que encararia aquela criança nos olhos, e caminhou até uma cadeira ao lado de sua mesa, e sentou-se.

-Entre, gusana. – Mandou.

A garota parecia relutante, mas acabou andando em sua direção, e sentando-se na cadeira à sua frente. Os pés dela nem tocavam ao chão, de tão pequena que era ainda.

– Me chamou como, sai? – Ela perguntou.

Uma irritação subiu pelos nervos de Cort. Seria um prenúncio do que teria pela frente? Uma criança dona de si? Resolveu cortar.

– Te chamei da forma como chamarei por todos os dias, daqui para frente. – Respondeu. Ficou com um pouco de remorso depois. Estaria ficando velho? Mas, se tinha alguma intenção de que aquele bolo azul rendado que estava sentado à sua frente se tornasse um (pistoleiro? Pistoleira?) deveria tratá-lo como se fosse um garoto afinal, o treinamento era iniciado com somente um ano a mais do que ela tinha naquele dia.

Houve uns minutos de silêncio, nos quais Merry Smithson esquadrinhou cada centímetro do ambiente em que estavam e ele próprio pensou em como abordaria o assunto.

– Escute – começou. – Você sabe que não é filha dos seus pais, não é?

A garota assentiu.

– Sim.

– E sabe que seu irmão é? E que seu pai é um pistoleiro, e seu irmão também será quando crescer, não sabe?

– Sim, sai Cort. – respondeu a menina, parecendo impaciente. – Mas o que quer dizer com tudo isso?

– Você sabe o que faz um pistoleiro? – Indagou sem dar atenção à pergunta da menina. Pela primeira vez ela pareceu desconcertada.

– Não… Não sei, sai. – Ela baixou os olhos.

Bom! Agora já tinha um parâmetro do quanto ela sabia. Muito ela aprenderia com Vannay futuramente, mas o básico, aquilo que os garotos já sabiam quando chegavam, ela precisava aprender antes.

– Veja, houve um tempo em que um homem guiou o mundo para que se tornasse o que você vê hoje. – Explicou, da maneira mais resumida que conseguiu (e que sua capacidade inventiva lhe permitiu). – Esse homem chamava-se…

– Arthur Eld? – Interrompeu a garota.

– É… Isso mesmo, Arthur Eld. – Respondeu Cort, continuando e tentando esconder a irritação por ter sido interrompido. – Ele foi o primeiro a carregar revólveres pelo… Pelo mundo. Os descendentes do Eld e de seus cavaleiros continuam mantendo as tradições e honrando o seu juramento de proteger… Proteger – ele frisou bem as palavras seguintes – a ordem das coisas.

Merry Smithson olhava interessadamente enquanto seu interlocutor feio e careca discorria sobre o Eld e os pistoleiros.

– Tem um bom tempo já, qualquer criança, qualquer garoto que prometa algum talento pode iniciar o treinamento de pistoleiro e mudar sua posição na sociedade. Não é mais necessário que a criança seja filha de um pistoleiro, de um nobre. Existem famílias de cavalariços ou camponeses que tem seus filhos adotados por pistoleiros até que tenham idade suficiente para iniciar o treinamento.

– Eu posso ser pistoleira então, sai Cort?

Essa pergunta adensou o ar dentro da casa. Ainda não era possível explicar a ela; antes deveria tomar conhecimento do significado do Branco, das palavras Ka, Khef e Ka-tet… E isso significava crescer mais um pouco.

– Não, você não pode. – Não podia fazê-la criar expectativas. – Mas eu vou ensiná-la tudo o que puder sobre a história dos pistoleiros e, quando eu achar que está pronta, lhe explicarei o motivo.

 

VII

 Segundo o que entendera, deveria estudar algumas coisas durante aquele ano. Na verdade, queria brincar. Brincar com seu irmão, que tinha a mesma idade, e com os amigos de seu irmão, com quem nunca trocara mais de alguma saudação educada.

No entanto, sai Cort advertira seu pai de que deveria aprender a ler antes de ter aulas com o outro mestre, Vannay, pelo que entendera. Deveria começar a ler antes que completasse seis anos, só não entendia por que. Sai Cort parecia meio desconcertado quando ela perguntava, mas ele realmente não sabia a resposta.

Isso apequena Merry Smithson não sabia, mas se algum adulto perguntasse (e talvez Christopher Johns tenha perguntado) Cort responderia que ela deveria estar adiantada em algumas coisas quando se deparasse com os garotos. Mas, se ainda assim, quem perguntou não estivesse satisfeito por completo e perguntasse por que Cort queria que ela estivesse preparada, ele não saberia a resposta.

Pensou por anos sobre isso para responder a si mesmo e acabou deixando que a roda rodasse e que as coisas fossem distribuídas em seus devidos lugares a seus devidos tempos.

Além do quê, uma garota capaz de ler pode aprender histórias por si própria e não precisa que alguém (no caso ele) as conte. Kathleen Johns estava cuidando dessa parte, ensinando a filha adotiva a ler, e teve certo êxito na tarefa, mas não o suficiente para que ela saísse lendo aos seis anos.

 

Era uma manhã de sol, muitas crianças esperavam mais um dia de aula normal com o velho e sábio mestre no grande jardim gramado, que era verde e bonito, como tudo ainda era em um mundo que ainda não seguira adiante. Nunca sabiam se seriam convidados a entrar ou se a aula seria no jardim, à sombra de alguma das árvores antigas.

Merry Smithson já tinha uns nove anos a esta altura, assim como seu irmão, Alain, e os novos amigos, Roland Deschain, filho do Dihn de Gilead e Cuthbert Allgood, um menino engraçado, que só começara a falar com ela quando descobriu que ela não iria para o campo de treinamento com Cort junto com eles.

Ambos, tanto Roland, estranho e quieto, quanto Cuthbert, incansavelmente bobo, eram aquele tipo de pessoa levemente especial, de quem você quer ser amigo ou no mínimo arrancar uma risada, e pareciam não ter consciência de que, após certa idade (especialmente no final da adolescência) uma menina como ela poderia fazer o que quisesse com qualquer um deles. As garotas tinham poderes que eles nunca teriam. Eram perigosas e dominadoras, como um John Farson com peitos.

A princípio todos os garotos lá estranharam a presença de Merry nas aulas de Vannay, mas logo se acostumaram. Ela mal falava, somente ouvia, muito atenta. As dificuldades começaram com aquela idade exata, nove anos; tinha amor incondicional de seu irmão, mas não tinha amizade muito profunda com os garotos com quem ele se relacionava, era algo pouco mais do que a simples cordialidade, pouco. Não tinha amigas garota, pois estava sempre estudando.

Abel Vannay palestrava sobre muitas coisas, história dentre elas, e era realmente empolgante. Quando os garotos iam para as aulas de tiro e falcoaria e ela não, ficava realmente frustrada. Com os anos ela compreendeu a resposta de sai Cort, para a pergunta que fizera um dia: “Não,você não pode.” Foi o que ele respondeu. Obviamente por que ela era uma menina, e meninas não podem atirar, meninas não podem ser pistoleiras, apalavra pistoleira nem de fato existia.

Por que, diabos, a fizeram engolir histórias sobre o Eld, sobre Excalibur, sobre os pistoleiros e o Branco? Por quê? Ela era uma garota, sem amigas, sem amigos, e obviamente aqueles valores e ensinamentos não era o que precisava para arrumar um casamento quando crescesse. Por que a incentivaram a desejar algo que nunca teria?

Vannay convidou-os para dentro, e eles entraram para mais uma das aulas. Enquanto isso, naquela mesma manhã, um o outro homem responsável pela forja dos novos pistoleiros pensava muito seriamente sobre esses assuntos que

afligiam a garota Smithson, mesmo sem ela ter dito nada.

Khef?  Não. Ela só viria a ter um ka-tet durante toda sua vida. Aquilo que havia entre ela e Cort era algo mais como pai e filha, apesar do jeito rude e tosco (que o tempo ainda não acentuara por completo), Cort vinha sendo mais presente em sua vida do que o próprio Christopher Johns.

 

Então, o que acharam?

Vocês podem acompanhar mais dessa aventura no blog dela, O Caminho do Eld. Ou aqui, assim que ela nos enviar novos capítulos.

Caso, você leitor, tenha alguma fic para nos mandar, entre em contato!

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