Livro da Semana: “Tudo é Eventual”

Título Original: Everything’s Eventual
Título Traduzido: Tudo é Eventual
Ano de Publicação: 2002
Páginas: 305 (Edição de 2005 da Editora Objetiva)
Data de Publicação nos EUA: 19/03/2002
Personagens: Richard Earnshaw, Jack Hamilton, e Roland Deschain
Conexões: A Torre Negra, A Casa Negra
Cidades da História: Derry (Fictícia), Nova York (Nova York), Castle Rock (Fictícia)

Sinopse/Critica

“Tudo é eventual” foi a primeira coletânea de King a ser lançada no século 21. São 14 contos que exploram o sobrenatural muito bem e que e fazem jus ao título de “mestre do terror moderno” com o qual King ficou popularmente conhecido. Todos os contos presentes nessa coletânea já foram publicados anteriormente em jornais, antologias ou mesmo em áudio-books, como “1408” (que posteriormente virou longa com John Cusack e Samuel L. Jackson). No Brasil, porém, os textos são inéditos e foram publicados originalmente apenas nessa coletânea.

Sala de Autópsia 4: Howard Cottrell é um homem que foi mordido por uma cobra e que devido ao veneno dela foi completamente paralisado. Dado como morto, Howard é levado para a sala de autópsia 4 de um hospital onde sua única opção é assistir, desesperado, enquanto os médicos se preparam para dar inicio à sua autopsia. Um condo denso e ao mesmo tempo engraçado (o final desse conto, diferente de grande parte dos finais de King, não deixa nenhum pouco a desejar. Além de inesperado é muito divertido). King se baseou em um episódio do programa “Alfred Hitchcock Presents” para escrever a historia. Nela Jospeh Catten se fere em um acidente de carro tão gravemente que os médicos o dão como morto e o lavem até o hospital onde estão prestes a fazer a sua autopsia.

Foi publicado originalmente na antologia “Six Stories”

Em “O homem do terno preto” um homem de idade narra uma história que aconteceu com ele, quando ainda era muito pequeno, sobre o seu encontro, em uma floresta sombria, com o demônio em pessoa, que veste um terno preto e onde pisa o mato morre. Para escrever esse conto King se baseou em uma historia contada por um amigo dele onde ele contava que certa vez encontrada com o Diabo em um bosque e ele tinha os olhos vermelhos e cheirava a enxofre. Na historia do amigo de King o avô dele fazia o máximo possível para conversar normalmente para que o Diabo não descobrisse que ele sabia e que pretendia fugir assim que pudesse. A história ganhou o prêmio “O. Henry” de melhor conto de 1996.

Foi publicado originalmente no “The New Yorker”

O conto seguinte, “Tudo o que Você Ama lhe Será Arrebatado” fala sobre que coleciona frases engraçadas em banheiros e sofre do pesaroso dilema de publicar ou não essas frases. King baseou-se em sua própria mania de colecionar sitações em banheiros de áreas de descanso de estradas interestaduais. No primeiro rascunho da história o final não era deixado em aberto e as coisas acabavam relativamente bem para o protagonista, mas após receber uma dica de Bill Buford do “The New Yorker” King resolveu deixar o final mais ambíguo

Foi publicado originalmente no “The New Yorker”

Em “A Morte de Jack Hamilton” King se baseia em uma historia real para narrar os fatos relacionados aos últimos momentos de vida de Jack Hamilton, conhecido integrante da quadrilha do famoso ladrão de bancos norte-americano John Dillinger.

Foi publicado originalmente no “The New Yorker”

Na Câmara da Morte: Um jornalista chamado Fletcher é capturado por um governo da América do Sul devido às suas suspeitas de envolvimento com um grupo comunista. Apesar dos torturadores não pretenderem de forma alguma deixarem que Fletcher saia vivo dali, ele tem alguns truques que irão ajudá-lo a escapar com vida dessa enrascada em que ele se meteu. Nas palavras do próprio King sobre este conto: “Esta é a história levemente kafkiana de uma sala de interrogatório numa versão sul-americana do inferno”.

Foi publicado originalmente no áudio-book “Blood and Smoke”

O conto seguinte, “As irmãzinhas de Eluria” funciona como uma especie de preludio para a série de livros “A Torre Negra”. Nele nos encontramos novamente com o bom e velho Roland Deschain que após se espancado por vagos mutantes em uma cidade abandonada é levado por misteriosas enfermeiras para um hospital improvisado. Lá elas se revelam como sendo “As irmãzinhas de Eluria”, gentis enfermeiras que cuidam de Roland enquanto ele padece num sono e cansaço cada dia maior e mais misterioso. Não demora para que Roland descubra que as irmãzinhas não são tão gentis assim.

No prefácio desse conto King discorre sobre considerar a Torre Negra como sendo sua obra-prima e fala sobre como foi convidado por Ralph Vicinanza, seu agente e negociador de direitos autorais no exterior, para contribuir com uma história sobre os anos dourados de Roland para uma antologia de Fantasia e sobre como a ideia do conto lhe surgiu num atino de criatividade, quando ele acordou numa manhã pensando em um trecho especifico de “O talismã”. Apesar de fazer parte do universo da Torre, “As irmãzinhas de Eluria” não exite nenhum conhecimento prévio sobre a série para ser compreendida.

Foi publicado originalmente na antologia “Legends”

Em “Tudo é eventual”, a história que dá título ao livro, Dinky EarnShaw conhece um homem que oferece para ele o que ele considera como sendo “o emprego da sua vida”. Sua única função é ficar em casa navegando na internet enquanto recebe seu salário semanal de 70 dólares para gastar com o que quiser. Dinky tem apenas que gastar todo o dinheiro , não podendo iniciar a próxima semana com nenhuma sobra da semana passada. Quando sobre, Dinky joga o que sobrou em um boeiro em frente a sua casa. King conta que teve a ideia para escrever o conto quando a imagem de um rapaz jogando moedas por uma grade de esgoto em frente a uma pequena casa em que morava tornou-se bastante nítida em sua mente.

Publicado originalmente em “The Magazine of Fantasy & Science Fiction”

Em “O vírus da estrada vai para o norte” enquanto voltava para o Maine, um homem para em um brechó de beira de estrada e é estranhamente atraído por um quadro com uma figura vampiresca pintada nele, dirigindo um carro em alta velocidade. Ele não resiste e compra o quadro, porém fatos estranhos começam a acontecer. A medida em que o homem segue seu destino o quadro parece mudar cada vez que ele olha para ele, como se o estivesse perseguindo.

Uma curiosidade interessante é que King tem realmente o quadro que descreve na história. Ele conta que quando sua mulher o viu pensou que ele gostaria do quadro e o deu de presente. King conta ainda que seus filhos não gostaram do quadro e diziam que os olhos do motorista parecia segui-los enquanto eles andavam por seu escritório onde havia pendurado o quadro. No prefacio do conto King ainda cita “Rose Madder”, outro conhecido romance seu que também envolve quadros.

Publicado originalmente na antologia “999”

“A teoria de L.T. sobre animais de estimação”: Nesse conto o personagem L.T. conta um pouco sobre seus problemas matrimoniais fazendo uma estranha, porém engraçada comparação a cachorros e gatos até que sua esposa se envolve em um problema um tanto quanto complicado.

King conta que se tivesse um conto predileto na coletânea, seria este. Sobre como teve a ideia para escrever a historia, ele fala que ela originou-se, em partes graças a uma coluna jornalistica onde a concepção de que o pior presente que alguém pode dar para outra pessoa é um animal de estimação. A observação de seus animais de estimação (um cachorro chamado Marlowe e um gato siamês chamado Pearl) também serviu de fonte de inspiração para a criação do conto.

Publicado originalmente na antologia “Six Stories”

“Almoço no Café Gothan” aborda a triste questão da separação. Quando um casal resolve se reunir para discutir sobre os papeis do divórcio um cozinheiro psicopata com uma enorme faca de cozinha aparece de repente e sai correndo atrás de todos sem qualquer explicação aparente.

King conta que teve a ideia para a história quando passou em frente a um restaurante e viu lá dentro um Maître observando-o. Após vê-lo o Maître deu o que King narra como sendo “a piscadela mais cínica do universo”. Após isso ele voltou ao hotel e escreveu essa história.

Publicado originalmente na antologia “Dark Love”

Em “Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês” King conta a história de um casal que passa a sofrer com lembranças de um passado que insiste em atormentá-los. Quando menos esperam, algo estranho e igualmente bizarro acontece; O casal se vê preso em um “loop” temporal. Em suas considerações sobre o conto King relembra mais uma vez sua visão sobre o inferno onde “O inferno é repetição.”

Publicado originalmente na antologia “The New Yorker”

Em “1.408” um cético escritor de não ficção sobre lugares mal assombrados decide passar a noite em um quarto de hotel com fama de assombrado, enquanto busca inspiração e informação para seu novo livro. O que ele não esperava é que sua crença no sobrenatural seria posta a prova e que os fatos acontecidos no quarto 1408 não seriam esquecidos por ele tão facilmente.

King sempre possuiu um certo fascínio por hotéis mal assombrados. No prefacio desse conto ele revela que sua intenção com “1.408” era apenas escrever um prefacio para o seu livro “On Writing” (Sobre escrever, ainda inédito no Brasil) onde ele queria mostrar aos leitores sobre como uma história se desenvolve, do primeiro esboço para o segundo. Porém, a história acabou o seduzindo ele não demorou para que ela se transformasse em um conto completo. King conta ainda sobre a primeira aparição da história no áudio-book “Blood and Smoke” (Sangue e Fumaça, também inédito no Brasil) e sobre o modo como o áudio desse audiobook o assustava.

Publicado originalmente no áudio-book “Blood and Smoke”

“Andando na bala” conta a história de um jovem quem, após receber a noticia de que sua mãe sofreu um derrame parte para encontrá-la. De carona em Carona ele enfrenta horas de viagem para poder ver o que ele achava que seriam os últimos momentos de vida de sua velha e boa mãe. Os problemas começam a acontecer quando ele acaba pegando carona no carro de um estranho homem e acaba sendo confrontado com uma decisão que terá que tomar e que mudará sua vida para sempre.

A versão de King de “uma história que se ouve em quase todas as cidadezinhas” é uma sombria tentativa de explicar como o próprio King se sentiu com relação a morte de sua mãe. Infelizmente, na minha opinião, apesar do enorme sucesso do conto que foi lançado originalmente em formato de ebook, “Andando na bala” não é um dos melhores contos do King (na verdade, acho que ele passa longe disso. Prefiro usar o “acho” para retificar que trata-se de uma opinião pessoal completamente desvinculada da opinião dos outros administradores deste blog). O conto deu origem a um filme que na minha opinião pessoal, também não está entre os melhores, talvez pela fidelidade ao conto original.

Publicado originalmente em formato de áudio-book

No ultimo conto da coletânea, “A moeda da sorte” King conta a história de uma camareira que ganha de gorjeta uma suposta moeda da sorte. Inicialmente ela não acredita e para por a prova a tal moeda resolve jogar no cassino do hotel no qual trabalha. Ela acaba ganhando muito dinheiro mas não demorará para que ela perceba que nem tudo é como parece.

King teve a inspiração para a história em um quarto de hotel onde as camareiras tinha o costume de deixar dois dólares em fichas para caça-níqueis sobre os travesseiros dos quartos. As fichas dele vieram juntas a um bilhete que dizia “Oi, sou Marie, Boa Sorte!”. Ele escreveu a história a mão em papel de hotel.

Publicado originalmente na USA Weekend.

Capas

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5 respostas

  1. Ah, então é daqui que saiu 1408! xD Engraçado que não conhecia esse conto e fui ver o filme. Enquanto via eu pensava: “porra, essa história é muito boa!” No final que eu fui ver que era baseado em um conto do King.
    Pensei que ele tinha sido publicado somente em audio-book, bom saber que ele esta nessa coletânea *-*

  2. O engraçado da minha experiência com esse livro é que li “As irmãzinhas de Eluria” muito antes de ler “A Torre Negra” xD

  3. Gostei de algumas historias desse livro mais do q de outras. Adorei a “A teoria de L.T. sobre animais de estimação”, mas por outro lado “A Morte de Jack Hamilton” me fez querer pular paginas.(tive de me segurar) ¬_¬”

    Como um amigo aqui falou, eu também li “as irmãzinhas de Eluria” antes de conhecer a serie torre negra.

    1. nossa,comigo foi exatamente o oposto:
      quase dormi lendo “A Teoria”,mas achei excelente “A Morte de Jack” !
      gosto não se discute mesmo né =D
      ah,e o conto “As Irmãzinhas” eu até hoje não li,quero terminar de ler a serie da “Torre” primeiro =)

    2. nossa,comigo foi exatamente o oposto:
      quase dormi lendo “A Teoria”,mas achei excelente “A Morte de Jack” !
      gosto não se discute mesmo né =D
      ah,e o conto “As Irmãzinhas” eu até hoje não li,quero terminar de ler a serie da “Torre” primeiro =)

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